MÃE

Encasulado em almofada de folhos

Aconchegado o pardo ursinho

Botija de barro remexidos pés

“Crê ó noite acordarei quentinho”

 

Contos de lobos ogres e princesas

Quantos pavores do homem do saco

Corredor escuro medos tamanhos

“Atira-te ao vento tu não és fraco”

 

Sopas de leite em boneco palhaço

Garrido gorducho ar brincalhão

Soltava risonho “Bom Dia Menino

Sempre aqui pronto teu fiel guardião”

 

Veio em cana mas está em gaiola

Dizem que canta mas acho que chora

“Abro-te a porta sai dessa prisão

Grilinho voa podes ir embora”

 

Rua acima à escola pela mão

Atento perigos longo o caminho

Eléctricos carros tantos cães vadios

“Tropeças mas sei aprenderás sozinho”

 

“Querida Mãe segredo-lhe que ainda hoje me dá corda ao comboio

Aquele da máquina negra que não deitava fumo mas era tão bonito…”

 

Carlos Braz Saraiva